LALA DEHEINZELIN – A importância do relacionamento intergeracional.
Quando eu soube que a Lala Deheinzelin iria palestrar no Planetiers World Gathering 2022, em Lisboa, corri para inscrever-me neste grande congresso que promove a conscientização, educação e cocriação de soluções inovadoras para uma economia mais inclusiva e sustentável. Almejava conhecer, pessoalmente, esta incrivelmente criativa e visionária brasileira que tanto nos inspira e nos ensina como enxergar e agir perante as incertezas e transformações pelas quais vivemos. Desejava conhecer e saber a opinião de Lala Deheinzelin sobre a importância do relacionamento intergeracional para a construção de um futuro positivo.
“Futurista profissional é alguém que domina o glossário do futuro, interpreta sinais e ajuda as pessoas e empresas a construirem o futuro na prática.”
Extremamente entusiasmada com o teor da conversa que Lala Deheinzelin teve com Wellington Nogueira (fundador da Doutores da Alegria) na última MaturiFest, da qual também fiz parte, corri para inscrever-me no Planetiers World Gathering 2022 (PWG2022), e lá tive a honra de conhecer a nossa Futurista pioneira, TEDx Speaker, Especialista em Novas Economias, Criadora da ferramenta de gestão estratégica Fluxonomia 4D e Fundadora do movimento Crie Futuros.
Após palestras e mediações que Lala realizou no PWG2022, tratei de apresentar-me a esta culta e generosa empresária que imediatamente acolheu-me em uma longa e amigável conversa que evoluiu para um reconhecimento de afinidades. Um encontro que se transformou em uma amizade, amizade esta fortalecida nos dias que se seguiram durante e após a Web Summit 2022.
A minha alegria em conhecer Lala Deheinzelin intensificou-se quando soube que ela, também, participaria da Web Summit 2022, período em que eu pude estar mais tempo com esta incrível profissional brasileira. Foram doces momentos de congraçamento em que pudemos apresentar, e estar, com as especialistas Mila Aliana, Rebecca Saltman, Sofia Alçada e Telma Gomes.
Lala Deheinzelin a transformar mentalidades para a compreensão e uma nova visão do que nos circunda
Lala Deheinzelin é considerada uma das 100 mulheres do mundo que estão cocriando a nova sociedade e a economia.
Palestrante com experiência em todos os setores da economia, já transmitiu os seus conhecimentos em quatro continentes do mundo a organismos públicos e privados, com e sem fins lucrativos, que lideram processos sustentáveis e inovadores.
Lala dedicou-se aos estudos da transdisciplinaridade e linguagem simbólica, e depois interessou-se por estudos do futuro, tornando-se uma brasileira associada à World Future Society, que deu a ela o título de Futurista.
No Brasil, Lala é também conhecida por seu trabalho como atriz, apresentadora e produtora cultural, possuindo um vasto conhecimento em direção nas artes cênicas, cinema e televisão.
É cofundadora do Núcleo de Estudos do futuro da PUC/SP, parte do United Nations Millenium Project e é autora do livro Desejável Mundo Novo.
Lala Deheinzelin lidera e coordena o Movimento Crie Futuros, criado em 2008, projeto de inovação voltado para inspirar futuros desejáveis.
“Movimento baseado na ideia de Peter Drucker, de que “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”. Assim, se o futuro é fruto do que sonhamos e desejamos, precisamos nutrir visões positivas para sair do campo dos futuros previsíveis para os futuros desejáveis. Com isso, ampliamos o campo dos futuros possíveis, concretizáveis.”
“O futuro é fruto dos sonhos do passado e escolhas do presente” Lala Deheinzelin
Em 2012 foi convidada pela ONU e organizações não-governamentais para assessorar e elaborar estratégias de desenvolvimento para Moçambique e Cabo Verde. Projetos que estrearam o tema da economia criativa e colaborativa World Trade Organization.
Soluções que nos permite construir o melhor futuro possível em nossas organizações
Em 2014 criou a Fluxonomia 4D, uma ferramenta de gestão estratégica que combina Estudos de Futuro e Novas Economias, um sistema de gestão de empreendimentos e iniciativas que dialoga com as rápidas mudanças do século XXI, por meio da economia criativa, colaborativa, compartilhada e multimoedas, para atender as necessidades do mercado e da sociedade do século XXI. Analisa processos, recursos disponíveis, conhecimentos e stakeholders com uma visão em quatro dimensões: cultural, ambiental, social e financeira.
“Sua perspectiva sistêmica revela recursos abundantes, disponibilizando ações objetivas e otimizando tempo e equipes. Ao aplicar as quatro dimensões da sociedade associadas às novas economias temos resultados exponenciais que podem garantir a longevidade de nossas iniciativas.”
Obviamente Lala e seu gênio inventivo e futurista também chegou na universidade pois criou e coordenou o primeiro curso de pós-graduação em Economia Criativa e Colaborativa do país.
LALA DEHEINZELIN – A importância do relacionamento intergeracional perante as oportunidades à nossa frente.
Tendo a oportunidade de estar na Web Summit ao lado de uma das mais perspicazes e geniais mentes de nosso país, convidei-a a conceder-me algumas palavras que pudessem contribuir para a ampliação de nossas mentes e melhor preparação para os desafios à nossa frente. Veja só o teor de nossa conversa:
Silvia – Lala, onde estamos e quais as oportunidades à nossa frente? Como agir diante destas oportunidades?
Lala Deheinzelin – A primeira coisa importante a compreender é que a história tem ciclos. Dá para compreender onde estamos. Não estamos totalmente perdidos.
O ciclo maior de todos e o da própria vida que quer evoluir. Evoluir é se organizar de formas mais colaborativas.
Nós, como sociedade, estamos como se fossemos a célula que ainda não sabe que faz parte de um organismo.
Em ciclos menores temos alternância entre momentos de concentração mais centralizados e momentos mais horizontais, mais em rede, mais com foco no coletivo. Estes são ciclos de 500 anos, mais ou menos. O último deles foi o que resultou na ponte Portugal e Brasil, graças às estruturas horizontais dos jesuítas que a coisa pôde avançar.
O ciclo mais curto é o de 90 anos que corresponde às estações do ano. Temos o inverno que é o período de crise. A última crise foram as guerras e a depressão de 29. Depois, com a crise o coletivo precisa se organizar e criar novas maneiras de se organizar e criar coisas para a coletividade etc. Depois vem a primavera.
Agora estamos de novo no inverno. A questão agora, respondendo a sua pergunta sobre o que dá para fazer, é que seja em qual dos ciclos for, a chave está em colaboração. Fazer juntos. Criar novas instituições, ferramentas, plataformas para isso.
A boa notícia é que a gente nunca teve tanta condição para chegar realmente em um estagio de evolução de bem comum, e chegar em um estágio de evolução e de bem comum como agora. Podemos perceber o que está acontecendo globalmente graças à tecnologia. Antes não era assim.
Hoje dá para criar maneiras de se organizar para além do Estado. Antes era ou o coletivo ou o Estado. Agora dá pra ter uma terceira coisa, que é a sociedade organizada, graças à tecnologia e em uma escala global para além de nações ou fronteiras.
A gente está vivendo neste momento impressionante onde as escolhas que fazemos hoje impactam o nosso futuro.
A gente tem as condições para impactar positivamente este futuro, para criar novos negócios, novas estruturas, desde que sejam colaborativas. Desde que tenham um objetivo comum de futuro e de uso das tecnologias.
Silvia – falando desta positividade em relação ao futuro, o que você diria sobre o relacionamento intergeracional para contribuir com este futuro que pode ser fantástico para toda a humanidade?
Lala Deheinzelin – Excelente pergunta, Silvia!
A primeira coisa que é chave na existência deste planeta é entender que tudo tem dois lados. Vivemos em um mundo é dual. Dia noite, masculino, feminino. Isto significa que qualquer processo que a gente faça ele precisa ser sempre híbrido.
A gente acha lindo as culturas tradicionais mas acha horrível ficar velho. Todas as culturas tradicionais tem os conselhos de anciãos porque eles já passaram por varias etapas diferentes.
Neste momento é super importante.Todo projeto deveria ter jovens, os nativos digitais sem muitos dos vícios e das dores que a gente teve, mas precisa de gente que já teve experiência como a nossa.
Eu conheço a última crise através de meus pais que saíram da Europa por causa da guerra. Vivi o momento de estruturação desta nova fase, cresci com a ditadura, coisa que muitos de nós conhecemos inclusive aqui em Portugal.
A questão é a gente fazer tudo de forma híbrida.
Vemos que startups morrem pra caramba. Será que morreriam se cada startup tivesse um partner senior? Em todas as coisas precisamos promover isso.
Estamos envelhecendo de uma forma que nunca aconteceu. Somos a primeira geração que não é velha com 50 ou 60 anos.
Temos um patrimônio imenso de conhecimento, de experiencias, de relações, de tempo e eventualmente algum patrimônio monetário que pode ser investido de forma extraordinária.
A única coisa que não pode acontecer é ficar com todo este patrimônio de tempo, dinheiro, experiência, deprimido dentro de casa vendo TV. Não! De jeito nenhum!
O que a gente faz para que isto aconteça?
Fazemos coisas como o seu trabalho, Silvia. Sair pelo mundo, se conectar, juntar-se a projetos que precisam de sua inteligência, de suas redes de relação.
O que tem é que isso é muito novo.
A imagem do envelhecer é esta: já criei filho, agora ficarei na cadeira de balanço esperando a morte.
Silvia – Lala, por favor, para encerrar esta nossa primeira de muitas outras conversas, poderia nos deixar uma palavra final?
Lala Deheinzelin – Devemos ter a consciência do nosso papel.
Estou sentindo muito fortemente aqui em Portugal que este país papel tem papel muito grande.
É um caldeirão multicultural. Não é por pouco que estamos na Web Summit. Não é por pouco que ela acontece aqui.
Então, preste atenção no que está acontecendo e se junte, se junte, se junte….
OUÇA A ENTREVISTA DA LALA DEHEINZELIN NESTE EPISÓDIO DO ACROSS PODCAST! É só clicar!
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Comments (3)
Ary Filler
Silvia, muito legal esse encontro de “mentes e corações” entre vcs duas. Conheço ambas, e sei que essa oportuna conexão tem tudo para dar bons frutos. Lembranças e Abraços a vcs duas, super protagonistas.
Editor
Ary, querido! Agradeço as suas sempre gentis palavras de apoio ao meu trabalho no projeto Across the Seven Seas. Abraços! Silvia